7/30/2016

Figuras de Estilo



Introdução


Neste presente tema, vai se abordar acerca das figuras de estilo. Define-se figuras de estilo como sendo o estudo dos diversos recursos estilísticos, ou seja, dos meios que permitem modificar a linguagem vulgar e tornar as frases expressivas, sugestivas, ou musicais. Portanto, és aqui uma questão importante: quais são as figuras de estilo existentes? Importa referir que existem mais de 80 figuras de estilos, porém, neste presente trabalho abordar-se-á 30 deles.
E as figuras são divididas em figura de palavras (figuras semânticas ou tropos) e figura de pensamento.
  
Figuras de estilo

Vejamos:


Alegoria ─ sucessão de comparações, imagens e metáforas que transmitem um pensamento sob forma figurada, representando uma coisa para dar a ideia de outra, geralmente de ordem abstrata ou ainda pode ser considerada alegoria um recurso retórico-estilisco em que se fazem corresponder, de modo minucioso e sistemático um nível de significados literais e um nível de significado figurados.

Por exemplo: O barco da vida singrando, enfrentando as tempestades, em busca do porto do abrigo.


Aliteração ─ repetição de consoantes no inicio ou no meio de palavras, com objectivo de transmitir o efeito musical, ou rítmico. Esta figura anda quase sempre alienada ȧ assonância, como se verifica nestes exemplos: 


Em horas inda louras, lindas (r+r+d+d+l+in+in)

Brincam no tempo das Berlindas (b+b+d+d+as+as).


Anacolutointerrupção na sequência lógica da oração deixando um termo solto, sem sintáctica. Pois,algumas gramáticas resumem, como sendo um desvio das regras normais da sintaxe.

Por exemplo: Todo o gosto do mundo… É como… a escuma domar que uma onda a forma, outra a desfazer.


Anáfora ─ repetição intencional de uma palavra ou expressão, para a fazer sobressair (se a repetição se verifica no inicio de cada verso, ou de cada estrofe, designa-se por epanáfora), em suma pode-se afirmar que anáfora é repetição de palavras.


Por exemplo: Amor é fogo que arde sem se ver,

                      É ferida que dói e não se sente ;

                      É um contentamento descontente,

                      É dor que desatina sem doer…                                   

  (Camões)


Animismo: Em muitas obras a figura de estilo é considerada equivalente a Personificação e prosopopeia. E esses se definem como sendo, atribuição de características humanas a seres inanimadas, imaginários ou irracionais.


Por exemplo: A vida ensinou-me a ser humilde.



Antanáclase ─ utilização, na mesma frase, de palavras semelhantes, na forma ou no som, mas com sentido diferente, pode-se observar no exemplo abaixo:

Ex: Em vão aos deuses vãos ele rezava.



Antítese utilização de palavras ou ideias de significado contrário, para acentuar a oposição entre ambas, ou para realçar uma delas. Em outras palavras dizemos que uma frase pode ser considerada antítese quando houver aproximação de ideias, palavras ou expressões de sentidos opostos.


Por exemplo,1:Os bobos e os espertos convivem no mesmo espaço.

Exemplo,2: Aquela triste e leda [= alegre] madrugada.                                                                                                                 

                                                                                      (Camões)

Antonomásia substituição do nome próprio por qualidade, ou característica que o distinga. É o mesmo que apelidado, alcunha ou cognome.


Por exemplo: Xuxa (Maria da Graça)

                      O Gordo (Jô Soares)


Apóstrofe ou invocação ─invocação dirigida direta e momentaneamente a alguém ou alguma coisa presente, ou ausente, real ou fantástico implicando interrupção da frase.


Por exemplo: E vós, ilustres antepassados, se nos ouvis, apoiai-nos nesta empresa.

                     Olha lá, meu amigo, tem cuidado com o que dizes.


Assíndeto é considerado aquela frase que nela ocorre a supressão de conjunções, ou em que nelas há ausência da conjunção adiviva entre palavras da frase ou orações de período. Essas aparecem justapostas ou separadas por vírgulas.


Por exemplo: Nasci, cresci, morri., (ao invés de: nasci, cresci e morri.)

                      Entrou, subiu as escadas, bateu com força á porta do quarto, arrependeu-se. [em vez de] Entrou e subiu as escadas; bateu com força á porta do quarto, arrependeu-se.





Assonância ─ repetição de sons vocálicos, com intenção de transmitir musicalidade à frase, ou de evocar um determinado ambiente:

Por exemplo: E as cantilenas de serenos sons amenos…

                                                                                                      (Eugênio de Castro)


Catacrese ─ palavra que se usa por analogia, ou metáfora tão usada que perdeu seu valor de figura e se tornou quotidiana, não representando mais um desvio, isso ocorre pela inexistência das palavras mais apropriadas, surge da semelhança da forma ou da função de seres, facto ou coisas.


Por exemplo: O pé da mesa; a asa do jarro; céu-da-boca; cabeça de prego; asa de xícara; dente do alho. 


Comparação ou símile─ confronto entre duas realidades semelhantes. A comparação é constituída por dois termos ligados por como, como se, tal como, assim como, qual.


Por exemplo: «O cipreste e o cedro envelheciam juntos como dois amigos no ermo (…) um raio de sol morria… como um resto de esperança…»

                                                                                                          (Eça de Queirós)


Diácope ─emprego repetido da mesma palavra, intercalada entre as outras.


Por exemplo: Tu, só, tu, puro amor, crua […]

                                                                                                          (Lusíadas)


Disfemismo ─forma desagradável de referir uma realidade, para marcar distanciamento, falta de emoção.


Por exemplo: Esticou o pernil. Bateu a bota [= morreu].


Elipse ─ omissão de palavras (orações) ou expressões que, no entanto, são facilmente subentendidas.


Por exemplo: Vida aborrecida, a dele. [Subentende-se: a vida dele é aborrecida]

                       Muito riso, pouco siso. [Subentende-se: Onde há muito riso, há pouco siso]

                       Que maravilha! [Perante uma paisagem, por exemplo].


Epanáfora: Em muitas gramáticas a figura de estilo é considerada semelhante a Anáfora, portanto veja a Anáfora.


Epizeuxe ─ é uma figura que consiste na repetição de uma palavra para dar mais forca a uma ordem, a um pedido, a uma exortação, etc.


Por exemplo: Foge, foge, senão prendem ̶te.


Eufemismo – atenuação de algum facto ou expressão com objectivo de amenizar alguma verdade triste, chocante ou desagradável.


Por exemplo: Ele foi desta para melhor. (Evitando dizer: ele morreu.)


Gradação ̶ Progressão ascendente ou descendente de ideias ou palavras.


Por exemplo: Ganhou impulso, subiu e, finalmente voou.

                        Entristeceu, brotaram– lhe as lágrimas nos olhos, largou em altos.


Hipérbole exagero proposital com objectivo expressivo.


Por exemplo: Estou morto de sono.

Vi o Cangomba voando de tanta pressa.


Hipálage – forma de realçar uma característica de uma pessoa, atribuindo-a uma coisa que lhe pertence ou que com ela está relacionada.


Por exemplo: Lá estava o espetor, com antipático caderninho na mão. [antipático é atributo do inspetor, e não do caderno]


Hipérbato – inversão forcada da ordem natural das palavras ou das orações.

Por exemplo: Casos que Adamastor contou frutos [...]

                                                                                            (Luísarda)

                     [por Casos frutos que Adamastor contou]


Imagem -    representação sensível de uma ideia, procurando torná–la mais fácil de captar.


Por exemplo: O rio, como uma cobra, serpenteia lentamente pela areia, como que espreguiçando– se.


Interrogação ou interrogação retórica E uma pergunta que se faz não para obter resposta, mas para chamar atenção para uma ideia. E frequente o uso desta figura oratória, pondo em evidência a função fática da linguagem.


Por exemplo: Homens! Mulheres! Que é isto? Quem vos trouxe a este mundo?

                      Quem vos antecipou a morte? Quem vos amortalhou nesses cilícios?

                       Quem vos enterrou em vida? Quem vos meteu nessas sepulturas?


Ironia – forma internacional de dizer o contrário das ideias que se pretendiam exprimir. O irônico é sarcástico ou depreciativo, e geralmente é usada na linguagem quotidiana.


Por exemplo: Que rica prenda tu me saíste.


Metáfora – consiste em dar uma coisa o nome de outra em virtude de uma relação de semelhança.

Por exemplo: Aquela mulher é uma baleia.


Metonímia– atribuição do nome de uma realidade a outra, aproveitando as conexões de sentidos entre as palavras como, por exemplo: 


– referir os atributos do indivíduo em vez do seu nome:

O pai da historiografia nacional [em vez de Fernão Lopes];

A alma dos descobrimentos [pelo Infante D. Henrique]

– referir o autor pela obra:

Vou dedicar– me a ler Camões [= a obra de Camões].

–usar o lugar pelo que nele é produzido:

Acompanhou o jantar com um belíssimo Borba [= vinho da região de Barba].



Paradoxo ou oxímoro – aproximação de palavras ou ideias de sentido oposto em apenas uma figura.

Por exemplo: "Estou surdo e ouço. Tapo os ouvidos e ouço".



Perífrase – Diz por muitas palavras o que poderia dizer– se em poucas.

Por exemplo: Já sobre o coche de évano estrelado

                      Deu meio giro a noite escura e feia;

NB: Para dizer apenas: Já era meia noite. 


Referência bibliográfica

Gramática Compacta da Língua Portuguesa (2000), 1ª edição, Moçambique editora, LDA; PP.120–126.



Gramática de Português, [Consultada: 2015–04–01 09h06min: 00]. Disponível na internet: http://portugues.com.br⁄gramatica⁄figuras–de–estilo–ou–linguagem.html



 Por: Rosário Cangomba

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