Banco de Moçambique decide subir juros de referência para taxas recorde dos últimos anos

ECONOMIA | Antes do Governador do Banco de Moçambique anunciar as novas medidas, a assessoria de imprensa avisava aos jornalistas para não questionarem sobre as dívidas escondidas.

Pouco depois chegou Ernesto Gove, acompanhado por quatro administradores.
A direcção do Banco Central acabava de sair de uma reunião longa do Comité de Política Monetária.
Os números aprovados vão subir como não se via há muitos anos. A Facilidade Permanente de Cedência cresce em 300 pontos base, saindo de 14.25% para 17.25%. Trata-se de uma subida significativa, considerando que em 2014 a taxa era de 7.5%.

A Facilidade Permanente de Depósito também sobe em 300 pontos base, saindo de 7.25% para 10.5%. Há dois anos, a taxa situava-se em 1.5%, tendo subido nos últimos meses em 10%.
O banco mexeu também no coeficiente de reservas obrigatórias em meticais, agravando de 10.5% para 13%.

Com os problemas na economia, o Banco de Moçambique teme que os depositantes retirem as suas poupanças para aplicar fora da banca, uma situação que faria com que, a médio prazo, os bancos ficassem sem dinheiro para emprestar.

Ernesto Gove diz que medida visa controlar preços e desvalorização do metical

Com as medidas, o Banco de Moçambique prevê que os preços e a taxa de câmbio comecem a estabilizar a partir do primeiro trimestre de 2017.
Ernesto Gove tem consciência de que as medidas vão sufocar as empresas e as famílias, mas defende que são decisões inadiáveis.

As novas taxas aplicadas pelo Banco de Moçambique entram em vigor no próximo dia 22 de Agosto.